Marta Strambi


Forquilha, 2007, 17 x 17 x 10 cm

MARTA STRAMBI

De 17 de outubro a 09 de novembro, a artista plástica Marta Strambi realiza uma individual na Galeria de Arte da Unicamp. A artista, com uma trajetória importante, acabou de realizar individual na Valu Oria Galeria de Arte em São Paulo, já participou do Panorama da Arte Brasileira do MAM e tem em seu currículo uma individual no Paço Imperial do Rio de Janeiro, além de diversas exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior. Na Galeria da Unicamp mostra agora suas experiências mais recentes em desenho, instalação e objetos.

Tendo no silicone o seu principal material, Marta Strambi trabalha com a idéia de suspensão e declínio de uma estabilidade sobre a qual se anseia e que, no entanto não se tem. Segundo ela “o sentimento de cômoda sustentação que nos ampara, é destituído, quando sacodem as notícias de agressões mutiladoras e de catástrofes que podem ser previstas nas páginas de uma história cuja ocorrência nos engole cotidianamente”. Trata-se de uma reflexão sobre o lugar da arte, que hoje se encontra numa grande confusão de desígnios. Nessa exposição a artista agrega novos meios, vidros derretidos, chumbo e aguadas sobre papel.

 

você sempre se muda para o contrário

            Por 17 anos minha produção vem acoplando assuntos da atualidade. Introduções sobre a alteridade, a identidade e a morte – o colapso que envolve a humanidade. A arte é uma forma de aclamação à vida, onde se busca dar ao real o avesso. Muda-se de idéia, vira-se ao reverso procurando uma saída para que o destino esmaeça.

            Em 1990 comecei um projeto extensivo que descreve os homens ligados às proposições de libertação, situações de prisões do corpo físico, do corpo emocional e da alma. Um edifício que envolve peles, pés, pernas, mãos de borracha, chumbo e silicone.

            Hoje, o foco de minha produção situa-se nos aspectos psicológicos da experiência física. Nessa exposição agrego novos meios, vidros derretidos e aguadas, transparentes e em outras situações opacas. Isso porque sinto que descrevo com elas um líquido, conscientemente desembocado e encerrado a uma estrutura confinada. Mãos e dedos aguados agem como uma segunda pele, aquela da aparência pálida, da cor retirada há pouco, suave e decidida.

             No subtítulo dessa produção fica gravada uma água no papel, guardada com suavidade e testemunho. São lavagens delicadas abatidas pelo tempo apresado em suspensão. Pedaços de partes do corpo vividos, experimentados, bem friccionados. Em outro momento sob copos se preservam, sobre a cama de gelo da congela.

            As linhas, outro elemento agregado a esses desenhos, depositam-se na conservação da memória, formando-se sob vidros, livres de artimanhas e armadilhas. Também mostram mechas de cabelo escorrido, capturadas e preservadas que nos permitem uma direção às conexões emocionais, pelo apego de algo essencial à beleza, à estética. Esse segundo cabelo é um elemento disjuntivo entre dimensões exterior e interior, é o que nos resta como possibilidade de apelo.  Esboços ternos de um grafite armazenado.

            Este trabalho desenvolve-se através da duração e preservação da vida no exercício do cotidiano, da observação e percepção desse acesso, na resignação e vagareza, como fios que se deslocam da cabeça, um após o outro e assim por diante.

Marta Strambi

outubro de 2007



Marta Strambi – Doutora em Artes, Eca/Usp, 2005. Mestre em Artes, IA/Unicamp, 1996.

exposições individuais selecionadas

2007 Valu Oria Galeria de Arte, São Paulo.

         Galeria de Arte da Unicamp, Campinas.

2002 Valu Oria Galeria de Arte, São Paulo.

2000 Corpos em silicone: uma escultura derivada, Galeria de Arte da Unicamp, Campinas.

         Museu de Arte de Ribeirão Preto.

1997 O Oco e a Origem, Paço Imperial, Rio de Janeiro.

1996 Residuários, Macc, Campinas.

1995 Capela do Morumbi, SP – C.Cultural UFMG, B.H – Itaú Galeria SP e Brasília

 

exposições coletivas selecionadas

2007 SP Arte, Pavilhão da Bienal, São Paulo.

2006 II Bienal Internacional Ceará de Gravura -Na Margem, Mac Dragão do Mar, Fortaleza.

         SP Arte, Feira Internacional de Arte, Pavilhão Bienal, São Paulo.

        Dias estranhos vistos de perto, Galeria de Arte da Unicamp, Campinas.

        Clube da gravura: 20 anos, MA M São Paulo.

2005 Doações 2005, Museu de Arte Contemporânea do Ceará/ Dragão do Mar, Ceará.

         Núcleos Contemporâneos I, Galeria Valu Oria, São Paulo.

2004 Arco, Madri, Espanha, Valu Oria Galeria de Arte, São Paulo.

2003 Clube da Gravura, MAM, São Paulo.

         Arte Hoje, Valu Oria Galeria de Arte, São Paulo – MAC Campinas.

2002 Arco, Madri, Espanha, Valu Oria Galeria – México Imaginário, Casas das Rosas, SP

         O orgânico em colapso, Valu Oria Galeria de Arte, São Paulo.

2001 Pequenos formatos, Valu Oria Galeria de Arte,SP- 20 anos Pinacoteca de S.B.Campo

2000 Feira de Arte Contemporânea de Lisboa, Portugal, Galeria Circo Bonfim.

       Macunaíma reflexões, Galerias Funarte, RJ – Cohntemporânea, Galeria Thomas Cohn

1999 Imagem do Milênio, Museu rio Pardense, São José do Rio Pardo.

1998 Panorama da Arte Brasileira, MAC, Niterói;  MAM, Salvador;  MAM, Recife.

           Fia, Feira Ibero Americana de Arte, Caracas, Venezuela, Galeria Thomas Cohn.

         Mundão, performance “assim mesmo” e “debaixo para o céu, Sesc Sto Amaro, SP.

         City Canibal, Paço das Artes, São Paulo – Preview 98, Galeria Thomas Cohn, SP.

1997 Panorama da Arte Brasileira, MAM, São Paulo – Valu Oria Galeria de Arte, São Paulo.

1996 Projeto Macunaíma, Funarte, Rio de Janeiro.

1995 MAC/Campinas- II Salão MAM-Bahia de Artes Plásticas – V Bienal Nacional Santos

1994 II Salão MAM-Bahia de Artes Plásticas, Salvador In Extremis, MACC, Campinas

         Via Fax, Universidade Caxias do Sul, RS – Via Fax, Museu de Arte de Ribeirão Preto.        

1993 IV Bienal Nacional de Santos – XIII Salão Nacional de de Ribeirão Preto

 

premiações

 1996 20° Salão Carioca, Parque Lage, Rio de Janeiro, prêmio participação.

         Edital de Formação, Raku, SMC, Lei 6576, Campinas.

1995 Edital de Formação, Massas Matérias e Materiais, SMC Lei n.6576, Campinas.

         19° Salão Carioca, Parque Lage, Rio de Janeiro, prêmio participação.

1994 19° Salão Nacional de Ribeirão Preto, aquisição.

         Prêmio Estímulo Individual, Coletiva e Iniciação Artística, Lei n.6576 , MAC / Campinas        

  1.          Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba, menção especial.
  2.          Salão de Arte Contemporânea de S.Bernardo do Campo, aquisição.

1993 Prêmio Gunther de Pintura, MAC, Ibirapuera, Bienal, SP, menção.

1992 Prêmio Estímulo, exposição e catálogo, Lei n.6576 SMC, Mac, Campinas.

         Prêmio Estímulo Coletiva Tridimensional, Lei 6576 SMC, Mac, Campinas.

1986 XIII Salão de Limeira, medalha de prata. IV Salão de Rio Claro, medalha de prata.

 

acervos e coleções

MACC.Dragão do Mar, Fortaleza – MAM São Paulo – MARP Rib. Preto – Museu de Arte S.José do Rio Pardo – Pinacoteca de S.B.do Campo – Galeria de Arte da Unicamp – Galeria Pepe Cobo, Espanha – Galeria Celma Albuquerque, BH – Galeria Anna Maria Niemeyer, RJ – Galeria Valu Oria, SP – João Carlos de Figueiredo Ferraz – Frances Marinho – Cleusa Garfinkel – Jessica Sofio – Mário Sérgio Cutait – Fernando Iglesias – Maria Alice Milliet – Patrícia Cisneiros.